
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
NO BRASIL, MICHELE BACHELET PARTICIPA DA CONFERÊNCIA DE MULHERES.

CONFERÊNCIA DAS MULHERES: VANESSA DESTACA AVANÇOS.

DILMA PEDE DESCULPAS POR FALHAS NA CONFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES.
Luciana Marques

A presidente da República Dilma Rousseff se irritou nesta segunda-feira com a desorganização da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, de responsabilidade da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Delegadas de pelo menos seis estados reclamaram das péssimas condições de hospedagem e da falta de alimentação durante a abertura do evento, em Brasília. Indignada, a presidente questionou a ministra Iriny Lopes, responsável pela conferência, sobre os problemas apontados. Dilma chegou a bater a mão na mesa e constrangeu a ministra.
Dilma prometeu também manter a Secretaria de Políticas para as Mulheres na reforma ministerial de 2012. “Muitas vezes vocês veem nos jornais sendo anunciado que a secretaria vai simplesmente fechar ou ser incorporada a outro ministério”, afirmou. “Não há menor verdade nessas notícias, vamos avançar com essa secretaria que defende os direitos da mulher, que defende a igualdade de gênero, porque ela é fundamental para o meu governo”.
Perdão - A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres também se desculpou com a desorganização. “Tivemos um problema com a empresa contratada e, em função disso, as vagas dos hotéis que foram feitas em nome da empresa caíram”, justificou. Segundo ela, uma nova empresa foi convocada há uma semana, mas não conseguiu atender à demanda.
A ministra prometeu resolver os problemas até quarta-feira, mas as delegadas exigiram uma solução imediata. “Não almoçamos, não jantamos e estamos sem hospedagem”, disse Esmeralda Patriota, de Paulo Afonso (BA). Ela foi alojada em um centro de treinamento em Luziânia (GO), com delegadas de estados como Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “Estamos em um matagal”, contou Esmeralda.
A ex-presidente do Chile e diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, dará uma palestra na conferência na quarta-feira.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
QUEM AMA NÃO MALTRATA, NÃO BATE , NÃO MATA.

Até quando?
Vivemos numa sociedade historicamente regida pelo sistema patriarcal, que estrutura as relações de dominação e ainda continua atribuindo ao homem, marido ou companheiro, a chefia conjugal e o mando nas relações afetivas. Nessa relação de poder, coube às mulheres o papel de cuidadora da casa, responsabilidade pela educação dos filhos e obediência ao “seu provedor”.
O Código Civil de 1916, que instituía ao homem a chefia da sociedade conjugal como representante legal da família, com o poder de administrar os bens comuns do casal e os bens particulares da esposa, incorporava e legalizava juridicamente “o modelo que concebia a mulher como dependente e subordinada ao homem”.
Quase cem anos se passaram e muitas águas rolaram. As mulheres se organizaram, ocuparam praças e exigiram mudanças na lei e na vida. A Constituição de 1988 equiparou os direitos legais de igualdade econômica, política e social. O último Censo/IBGE 2010, publicado recentemente, indica que as mulheres já controlam 38,7% dos domicílios brasileiros.
No entanto, os mecanismos de dominação, opressão e violência contra as mulheres continuam fazendo vítimas em nossa sociedade. Seja através da violência doméstica e familiar, da violência sexual, que acontece dentro e fora de casa, dentro e fora da família, da violência psicológica, que através de humilhações, insultos, intimidação, desvalorização e ameaças, ridicularizam a mulher, sob qualquer forma, provocando dores tão profundamente como as outras formas de violência ou ainda, a violência institucional, praticada pelas instituições do estado, por ação ou omissão.
O resultado de anos de luta dos movimentos de mulheres contra a violência doméstica, só pôde ser comemorado pelas brasileiras, em 2006, com a aprovação da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, um passo significativo para assegurar à mulher o direito à sua integridade física, psíquica, sexual e moral. No entanto estatísticas ainda mostram uma trágica realidade, reflexo do secular patriarcado.
Segundo a pesquisa “Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil”, organizada pelo Instituto Avon, entre as mulheres agredidas no país, 15% apontam que são forçadas a fazer sexo com o companheiro e 38% dos homens também admitem que já agrediram fisicamente as mulheres. As causas mais comuns são o ciúme e o alcoolismo, no entanto, 12% confessam que já bateram nas companheiras sem motivo!
Quando lemos notícias de violência feminina nos jornais sempre nos perguntamos, porque essas mulheres não abandonam seus agressores? A pesquisa do Instituto Avon fez essa mesma pergunta e o resultado é preocupante: 25% das mulheres responderam que a falta de dinheiro para viver sem o companheiro é o principal motivo, em segundo lugar vem a preocupação com a criação dos filhos e, em terceiro, o mais grave, o medo de serem mortas pelos seus companheiros: 21% na região Centro-Oeste, 16% no Sul, 15% no Sudeste, e 13% no Nordeste.
Os dados sobre a violência sexual contra a mulher revelam aspectos cruéis. Pesquisa publicada este ano pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio de Janeiro, o “Dossiê Mulher 2011”, indica que, do total de 3.751 estupros praticados contra vítimas do sexo feminino, 53,5% referiam-se a “estupro de vulnerável”, ou seja, as vítimas eram meninas de até 14 anos de idade. Em 50,5% dos casos, as vítimas de estupro conheciam os acusados (companheiros, ex-companheiros, pais, padrastos, parentes e conhecidos), 29,7% tinham relação de parentesco com a vítima (pais, padrastos, parentes) e 10,0% eram companheiros ou ex-companheiros. É doloroso pensar que as meninas são atacadas, dentro de suas casas, por quem deveriam receber proteção, carinho e educação, num cenário de infâncias roubadas e sonhos perdidos.
A cada 2 minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil, segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado 2010”, organizada pela Fundação Perseu Abramo/SESC. A violência doméstica aumenta o índice de suicídio, causa repetência escolar dos filhos e promove a cultura da violência. É a que faz mais vítimas no mundo.
Os dados sobre homicídios são ainda mais sombrios. Segundo o estudo “Mapa da Violência no Brasil 2010” do Instituto Sangari, entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres foram assassinadas. Isto significa 10 assassinatos por dia, cerca de 4 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Não podemos ignorar os números aqui apresentados. Não podemos ficar cegas, surdas e mudas aos sinais de violência contra a mulher que testemunhamos em nossas cidades, na vizinhança, ou até em nossas casas. Para quebrar este ciclo milenar do patriarcado, precisamos questionar a cultura e os valores impregnados em nossa sociedade, de que os corpos e as vidas das mulheres possam estar à disposição de homens. Devemos nos indignar diante dessa tragédia, denunciar qualquer forma de violência, mesmo as mais veladas, como o assédio moral. É nossa obrigação procurar as delegacias especializadas, ligar para a Central de Atendimento à Mulher (180) e denunciar, bem como participar das campanhas de conscientização pelo fim da violência contra a mulher.
No sentido de contribuir para transformar essa realidade a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) e o Instituto Magna Mater (IMM), está organizando a campanha Quem Ama Abraça, marcando os 30 anos do dia 25 de novembro - Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres-, e os 20 anos da campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.
Se você não aceita essas injustificáveis violências, agressões, torturas e mortes de mulheres, seja solidária/o, ajude a denunciar, e se junte ao coro das/os que lutam pelo fim da violência contra as mulheres.
Quem ama não maltrata, não bate, não mata.
terça-feira, 22 de novembro de 2011

Após muita luta do movimento negro, foi titulado na manhã de 17 de novembro de 2011, às 11h30, o Quilombo Preto Forro, em Cabo Frio, beneficiando assim 13 famílias quilombolas, cerca de 80 pessoas que agora podem comemorar a propriedade da terra.Prestigiaram a cerimônia, realizada num campo de futebol do próprio quilombo, além do presidente do Preto Forro, Elias da Silva, uma série de autoridades, dentre elas a presidente do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (Iterj), Elizabeth Mayumi, a vice-prefeita de Cabo Frio, Delma Jardim, o superintendente regional do Incra, Gustavo Souto, o presidente estadual das comunidades quilombolas, Luiz Sacopã, o secretário executivo da Koinonia, Rafael Soares Oliveira, e o presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Paulo Roberto do Santos.Este último salientou que, apesar da vitória celebrada neste dia, outros 33 quilombos no Estado do Rio esperam pelo mesmo reconhecimento: “O que acontece é que nem todos estão em terras do estado, como o Preto Forro, cuja demora se deu em razão de um estudo fundiário profundo a fim de prevenir que mais tarde ninguém venha a reivindicar a propriedade. No momento, lamentavelmente, não há outra titulação prevista, mas estamos trabalhando para agilizar este processo junto a quilombos, digamos, mais viáveis”, declarou. De acordo ainda com o presidente do Cedine, o Quilombo Preto Forro foi apenas o segundo a receber a titulação. O primeiro foi o Quilombo Campinho da Independência, em Paraty, em 1999. A conquista, vale lembrar, ocorreu no Mês da Consciência Negra, quando estão programadas atividades por todo o estado, a chamada Agenda Única Rio Zumbi 2011, com o propósito de estimular a reflexão acerca de temas como preconceito, ações afirmativas e inclusão social, tal qual divulgar a história e cultura afro-brasileiras.
Texto: Cássia Valadão – Ass. de Imprensa
Fotos: Diego Mendes