terça-feira, 22 de setembro de 2009

HORA DE RESGATAR O IDEAL PARTIDÁRIO - IRIS DE ARAÚJO




O País precisa reciclar as práticas no processo político e, sobretudo, reconhecer os avanços e as conquistas alcançados pelas mulheres na dura trajetória que visa ampliar os espaços de atuação nas estruturas de poder para que possam tornar realidade bandeiras que visam impedir retrocessos e superar a supremacia de gênero.

Não encontramos facilidades nos caminhos percorridos. Falo por experiência própria. Desde que se aventou a possibilidade de uma mulher assumir a presidência nacional do PMDB, surgiram inúmeros obstáculos.

Fatores diversos colaboram para este tipo de resistência. Em primeiro lugar, está a questão do preconceito. A maioria das instituições brasileiras, incluindo os partidos, é amplamente dominada por homens. E muitos não aceitam um comando feminino.

Em especial no PMDB existem agravantes. Trata-se de uma legenda grandiosa, com atividade intensa em todos os Estados e na maioria dos municípios. Por sua força, define os rumos do País. A luta pelo seu controle será sempre intensa. E a presença de uma mulher no comando da legenda jamais agradará aos setores retrógrados.

Fazemos, sobretudo, questão de colocar em prática o jeito feminino de agir e de administrar. Ou seja, todas as decisões são tomadas tendo por base a mais irrestrita legalidade. A ética é o princípio primeiro e a base de todas as ações. Desta forma, os recursos partidários são administrados com o máximo de zelo e de critério, tendo em vista o interesse público.

As mulheres trazem, sem dúvida, um modo diferenciado de agir, um comportamento rigoroso no que diz respeito aos bens coletivos e essa postura, com certeza, deve incomodar aos que não compartilham com tais procedimentos.

O momento, desta forma, é oportuno para que o PMDB possa rediscutir rumos. Ou seja, ou se reafirma como partido com perfil programático definido, sintonizado exclusivamente com as aspirações do povo brasileiro, ou se entrega a esta marca de fisiológico que os adversários da legenda tentam a todo momento imputar.

É preciso que se compreenda que o PMDB não é apenas a cúpula, mas, sim, a força da militância, cujos conceitos são diferenciados e não compartilham com qualquer tipo de ranço ou preconceito.

Assim, tenho conduzido o PMDB a partir da premissa do ideal partidário e da essência de sua base. Não tenho cargos no governo federal. Eu e o prefeito Iris Rezende declinamos quando postos administrativos nos foram oferecidos, justamente para não limitar nossa conduta.

Sempre me conduzi a partir dos parâmetros éticos e, no comando do PMDB nacional, vou continuar em frente a partir desta direção.

Não me curvo diante de pressões ou ameaças. Mantemos firmes os ideais que consagraram o partido como o grande condutor das batalhas e das jornadas que possibilitaram a derrocada do regime autoritário e a consagração das liberdades democráticas.

O nosso interesse é apenas e tão somente servir a sociedade brasileira com trabalho redobrado, a partir da compreensão de que as mulheres são, de fato, decisivas na luta pelas verdadeiras transformações.

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Iris de Araújo é presidente nacional do PMDB, deputada federal, integra as comissões de Relações Exteriores e Desenvolvimento Urbano da Câmara, compõe o Parlamento do MERCOSUL.

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