O I Seminário Nacional de Empoderamento das Mulheres Negras foi realizado em Brasília entre os dias 13/08 e 16/08, promovido pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O seminário contou com a presença de mais de 100 mulheres de diversas organizações de mulheres negras, como partidos políticos e outras entidades da sociedade civil. As discussões tiveram como principal objetivo a elaboração de propostas para serem encaminhadas aos órgãos públicos como forma de subsídio para a efetivação de políticas públicas voltadas para as mulheres negras.
A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, afirmou, na abertura do evento, que a ampliação da participação feminina nos espaços de poder é um tema prioritário e que o seminário daria subsídios para criar instrumentos capazes de romper duas situações que são barreiras para a chegada ao poder das mulheres negras: o racismo e o sexismo.
O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, reafirmou a necessidade de se ter mais mulheres no poder, sendo preciso assegurar a presença de mais mulheres negras nas casas legislativas brasileiras, na gestão pública e na iniciativa privada.
Para a diretora da ONG Geledés, Sueli Carneiro, o combate ao racismo, o fortalecimento político e a sustentabilidade das organizações de mulheres negras são temas estratégicos para o empoderamento desse segmento social.
A temática “mulheres negras no poder” é objeto de pesquisa há muito tempo. Matilde Ribeiro, ex-ministra da SEPPIR, em artigo em fins dos anos 90, já afirmava que “os dois referenciais – branquitude e poder – coexistem como reafirmação da conjugação entre machismo e racismo e incidem sobre a vida da população negra”.
Segundo Matilde, “as mulheres negras emergiram como sujeitos políticos desde a resistência aos marcantes períodos da escravidão” e muitas críticas foram feitas por elas “à sociedade e ao movimento social, em especial ao movimento feminista e negro, quanto à invisibilidade de sua ação política”. Até mesmo dentro do movimento negro “as mulheres negras durante longos anos não se destacavam como interlocutoras políticas da mesma forma que os homens”. Diante dessa realidade, elas trilharam seu próprio caminho e construíram um movimento autônomo. Desde 1988, ano da realização do I Encontro Nacional de Mulheres Negras, diversos grupos e fóruns de mulheres estruturaram-se em todo o país e trabalham articulando três grandes questões: gênero, raça e classe social.
A pesquisadora Antônia Aparecida Quintão, responsável pela Coordenação Científica do Programa de Seminários do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares do Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo (USP), afirma no livro “Espelho Infiel – o negro no jornalismo brasileiro” que a mulher negra é triplamente discriminada, “por ser mulher numa sociedade machista, negra numa sociedade racista e pobre numa sociedade de classes”. E “coloca-se como uma questão de grande importância analisar e, ao mesmo tempo, procurar romper com a visão estereotipada da mulher negra desqualificada moral, intelectual e socialmente”.
Segundo a última edição do documento “Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça”, elaborado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), os dados baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2006 (Pnad) mostram que a desigualdade afeta a expectativa de vida desse segmento social. Isso “pode ser resultante de uma maior vitimização das mulheres negras em decorrência do sexismo e do racismo, que precarizam seu acesso aos serviços de saúde, habitação, emprego e renda, entre outros”. As mulheres negras no Brasil vivem em média 66 anos, enquanto as mulheres brancas vivem 71 anos, segundo o Ministério da Saúde.
Recente documento do Ministério da Saúde traz levantamentos interessantes para o entendimento do problema. Na pesquisa “Perspectiva da Equidade no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal – Atenção à Saúde das Mulheres Negras” podemos ter uma visão geral sobre a saúde da mulher negra. Os dados sócio-econômicos citados servem de base para o início da compreensão do problema: a maioria das negras encontra-se abaixo da linha da pobreza; é chefe de família sem cônjuge e com filhos; e a taxa de analfabetismo entre elas corresponde ao dobro das brancas. Por razões sociais ou de discriminação, negras têm menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, à atenção ginecológica e à assistência obstétrica, seja no pré-natal, parto ou pós-parto, além de terem maior risco de contrair e morrer mais cedo de determinadas doenças, como diabetes e complicações por hipertensão arterial, morte durante o parto e AIDS. Mulheres negras também são as principais vítimas de violência doméstica no país.
Diante de tal realidade, a articulação de mulheres negras para a elaboração de políticas públicas que possam mudar este quadro de exclusão social é mais do que necessária. O empoderamento feminino, em especial das mulheres negras, e sua maior inserção nos espaços de poder e decisão são importantes para a construção de uma democracia verdadeiramente representativa que contemple todos os segmentos sociais, tendo a possibilidade de desfazer injustiças históricas.
A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, afirmou, na abertura do evento, que a ampliação da participação feminina nos espaços de poder é um tema prioritário e que o seminário daria subsídios para criar instrumentos capazes de romper duas situações que são barreiras para a chegada ao poder das mulheres negras: o racismo e o sexismo.
O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, reafirmou a necessidade de se ter mais mulheres no poder, sendo preciso assegurar a presença de mais mulheres negras nas casas legislativas brasileiras, na gestão pública e na iniciativa privada.
Para a diretora da ONG Geledés, Sueli Carneiro, o combate ao racismo, o fortalecimento político e a sustentabilidade das organizações de mulheres negras são temas estratégicos para o empoderamento desse segmento social.
A temática “mulheres negras no poder” é objeto de pesquisa há muito tempo. Matilde Ribeiro, ex-ministra da SEPPIR, em artigo em fins dos anos 90, já afirmava que “os dois referenciais – branquitude e poder – coexistem como reafirmação da conjugação entre machismo e racismo e incidem sobre a vida da população negra”.
Segundo Matilde, “as mulheres negras emergiram como sujeitos políticos desde a resistência aos marcantes períodos da escravidão” e muitas críticas foram feitas por elas “à sociedade e ao movimento social, em especial ao movimento feminista e negro, quanto à invisibilidade de sua ação política”. Até mesmo dentro do movimento negro “as mulheres negras durante longos anos não se destacavam como interlocutoras políticas da mesma forma que os homens”. Diante dessa realidade, elas trilharam seu próprio caminho e construíram um movimento autônomo. Desde 1988, ano da realização do I Encontro Nacional de Mulheres Negras, diversos grupos e fóruns de mulheres estruturaram-se em todo o país e trabalham articulando três grandes questões: gênero, raça e classe social.
A pesquisadora Antônia Aparecida Quintão, responsável pela Coordenação Científica do Programa de Seminários do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares do Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo (USP), afirma no livro “Espelho Infiel – o negro no jornalismo brasileiro” que a mulher negra é triplamente discriminada, “por ser mulher numa sociedade machista, negra numa sociedade racista e pobre numa sociedade de classes”. E “coloca-se como uma questão de grande importância analisar e, ao mesmo tempo, procurar romper com a visão estereotipada da mulher negra desqualificada moral, intelectual e socialmente”.
Segundo a última edição do documento “Retrato da Desigualdade de Gênero e Raça”, elaborado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), os dados baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2006 (Pnad) mostram que a desigualdade afeta a expectativa de vida desse segmento social. Isso “pode ser resultante de uma maior vitimização das mulheres negras em decorrência do sexismo e do racismo, que precarizam seu acesso aos serviços de saúde, habitação, emprego e renda, entre outros”. As mulheres negras no Brasil vivem em média 66 anos, enquanto as mulheres brancas vivem 71 anos, segundo o Ministério da Saúde.
Recente documento do Ministério da Saúde traz levantamentos interessantes para o entendimento do problema. Na pesquisa “Perspectiva da Equidade no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal – Atenção à Saúde das Mulheres Negras” podemos ter uma visão geral sobre a saúde da mulher negra. Os dados sócio-econômicos citados servem de base para o início da compreensão do problema: a maioria das negras encontra-se abaixo da linha da pobreza; é chefe de família sem cônjuge e com filhos; e a taxa de analfabetismo entre elas corresponde ao dobro das brancas. Por razões sociais ou de discriminação, negras têm menor acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, à atenção ginecológica e à assistência obstétrica, seja no pré-natal, parto ou pós-parto, além de terem maior risco de contrair e morrer mais cedo de determinadas doenças, como diabetes e complicações por hipertensão arterial, morte durante o parto e AIDS. Mulheres negras também são as principais vítimas de violência doméstica no país.
Diante de tal realidade, a articulação de mulheres negras para a elaboração de políticas públicas que possam mudar este quadro de exclusão social é mais do que necessária. O empoderamento feminino, em especial das mulheres negras, e sua maior inserção nos espaços de poder e decisão são importantes para a construção de uma democracia verdadeiramente representativa que contemple todos os segmentos sociais, tendo a possibilidade de desfazer injustiças históricas.
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